segunda-feira, 1 de junho de 2009

SUGESTÃO DE ATIVIDADE- ENSINO MÉDIO


Vítimas da fumaça




Objetivos


Analisar criticamente os problemas do consumo de cigarros entre os jovens



Introdução


Onde há fumaça há fogo. Ou a brasa de um cigarro. E por trás desse cigarro pode estar um de seus alunos. Como mostra o texto de VEJA, o perigo é muito grande: 99% dos adolescentes que dão as primeiras tragadas se tornam fumantes regulares.




Atividades


1. Antes de propor a leitura da revista em classe, pergunte à turma por que o cigarro começa a ser consumido tão cedo pelos jovens. Do ponto de vista da indústria do fumo, os objetivos são claros: garantir um mercado lucrativo e duradouro e substituir o significativo número de adultos que, com muito esforço, conseguem abandonar o vício.


2. Há muitas evidências de que o tabaco provoca danos gravíssimos. A própria Philip Morris reconheceu, num comunicado oficial, os malefícios do fumo. Numa tentativa vã de minimizar os riscos do uso de drogas psicoativas é comum os adolescentes adotarem uma posição onipotente: "Eu paro quando quiser". Ledo engano. Para o educador, melhor do que "bater em ferro frio", pregando verdades que os jovens tendem a rejeitar, é enviá-los a campo para constatar os fatos relacionados à dependência da nicotina. Peça aos alunos que entrevistem amigos e colegas que fumam. Proponha as seguintes questões: como e por que você começou a fumar? Quanto tempo faz? O que você sentiu nas primeiras experiências com o cigarro? E o que sente agora? O cigarro lhe dá algum tipo de satisfação física? E psicológica? Se quisesse largar esse vício, você conseguiria?


3. Divida o quadro-negro em duas partes. Pergunte aos estudantes por que eles fumam ou não. Na primeira metade, anote as razões que motivam os fumantes. Na segunda, faça o mesmo em relação aos não-fumantes. Discuta os resultados obtidos. Quais são, na opinião da turma, os argumentos mais convincentes?


4. Encomende uma pesquisa junto a fumantes nas faixas dos 30, 40, 50 e 60 anos. Eles já tentaram largar o cigarro? Quantas vezes? Por que não conseguiram? A seguir, peça que os alunos tabulem os dados e debatam as respostas.


5. Estimule a classe a buscar informações junto a médicos pneumologistas sobre as dificuldades de se livrar da dependência da nicotina. Como o corpo lida com a abstinência? Quais são os medicamentos disponíveis para o problema? Que reações provocam? Apresentam alguma contra-indicação? Qual é o índice de sucesso em cada tratamento?


6. Se alguém ainda duvidar que cigarro é droga, lembre que há anos o Ministério da Saúde obriga os fabricantes a veicular, nas propagandas de seus produtos, advertências quanto aos males provocados pelo tabaco. Recentemente, a mensagem "Nicotina é droga e causa dependência" foi incluída nesse repertório. Mostre como a nicotina e o alcatrão agem no organismo (veja o quadro) e peça uma pesquisa sobre o impacto do monóxido de carbono inalado com a fumaça.


7. Ressalte que os efeitos e as conseqüências do uso de drogas, como mostra a reportagem, não têm nada a ver com legalidade, aceitação social ou charme histórico. Estimule um exame dos problemas decorrentes do uso de álcool e fumo em comparação com o de maconha e cocaína.


8. Peça aos alunos para comentar as características das campanhas publicitárias que incentivam o consumo de cigarros, especialmente seu poder de persuasão. A seguir, proponha que eles elaborem uma campanha multimídia de prevenção ao tabagismo dirigida a adolescentes. Vale criar slogans, cartazes, vídeos, jingles, mensagens radiofônicas, páginas para a internet etc. Depois, peça que analisem o próprio trabalho.




ARTIGO REVISTA VEJA:


A vítima tem 13 anos


Essa é a idade em que os jovens brasileiros começama fumar, segundo pesquisa inédita feita sobre o assunto
Cristine Prestes

O Ministério da Saúde patrocinou na última década diversas campanhas de orientação: contra as drogas, o consumo de álcool e de prevenção ao vírus da Aids. Essas propagandas de conscientização, em geral voltadas ao jovem, público mais sujeito a vícios e doenças, são vitais como instrumento de alerta à sociedade. Uma pesquisa recente preparada pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro sugere que talvez se deva adicionar um novo tema à lista de campanhas do governo: o tabagismo na adolescência. O levantamento, feito em um grupo de 800 fumantes em quatro capitais, mostra que os brasileiros começam a fumar cedo: aos 13 anos, em média. A pesquisa ganha contornos mais graves quando examinada em conjunto com outros trabalhos científicos. Quem começa a fumar na adolescência terá mais dificuldade de largar o cigarro no futuro do que aquele que o fez pela primeira vez depois de adulto. E mais: quando larga o cigarro, o fumante que usa o tabaco desde a juventude demora mais tempo para se recuperar dos efeitos da nicotina do que aquele que se viciou na fase adulta – ainda que o segundo tenha fumado durante mais tempo que o primeiro.
A maior parte dos não fumantes já ouviu de um avô ou tio comentário a respeito da idade que tinham ao fumar pela primeira vez. Eram em geral muito jovens. Os fumantes nem precisam recorrer aos parentes. Recordam-se da própria experiência, ocorrida quase sempre nessa fase da vida, por volta dos 13 ou 14 anos. O trabalho da Santa Casa do Rio é especial por ser o primeiro a levantar o ano da iniciação no mundo da fumaça no Brasil. De acordo com o critério adotado na pesquisa, fumar não significa dar uma tragada no cigarro do amigo. Fumar é consumir cigarros regularmente. Segundo os especialistas, depois de seis meses fumando todo dia, o adolescente está quimicamente dependente do cigarro. Os pesquisadores da Santa Casa esperam agora conscientizar entidades não governamentais e principalmente Brasília da necessidade de contra-atacar. "Sabendo quantos anos tem o novo fumante, o governo pode elaborar campanhas de prevenção apropriadas a essa faixa de idade", diz a coordenadora da pesquisa da Santa Casa do Rio, a psiquiatra Analice Gigliotti.
Para a ciência, o adolescente que fuma meio maço de cigarros por dia e o adulto que traga igual quantidade não formam o mesmo grupo de viciados. A Organização Mundial de Saúde, OMS, possui alguns estudos que apresentam com clareza o impacto do cigarro sobre jovens. De acordo com essas pesquisas, 99% dos adolescentes que dão as primeiras tragadas se tornam fumantes. O número fica ainda mais espantoso se comparado com dois outros vícios. Entre os jovens que fumam maconha, a metade acaba se viciando. Com álcool, a dependência é ainda menor: 12% dos que bebem na adolescência passam a ser alcoólatras.
Um dos trabalhos mais impressionantes comparando o vício entre jovens e adultos foi preparado sob encomenda da OMS. Ele mostra que um adolescente demora até sete anos para se livrar dos efeitos da nicotina. "Já uma pessoa que começa a fumar aos 30 anos consegue 'limpar' seu cérebro da nicotina em seis meses de abstinência", afirma o psiquiatra Jorge Alberto Costa e Silva, diretor do Centro Internacional de Política de Saúde da OMS. As razões dessa diferença estão sendo investigadas. Começar a fumar é fácil. Difícil é parar. De cada grupo de dez fumantes, seis tentaram parar, segundo a pesquisa da Santa Casa. A média de tentativas é de três a quatro na vida, mas os resultados são desencorajadores. As estatísticas mundiais afirmam que apenas 3% dos fumantes conseguem abandonar o cigarro de vez.


Curiosidade e ritual

O fumo na adolescência é uma preocupação mundial, não um problema brasileiro. A diferença é o tratamento que os diversos países dão ao assunto. Alguns deles patrocinam ações firmes de combate ao tabagismo entre os jovens. Nos Estados Unidos, o governo mantém uma campanha cujos termos lembram as propagandas antidroga. Intitulada "Aprenda a dizer não" e dirigida aos estudantes, conseguiu em apenas dois anos reduzir o índice de experimentação de cigarro de 64% para 55% entre jovens. É um número muito expressivo. No Canadá, onde 29% dos adolescentes são fumantes, o governo propôs uma mudança radical nos tradicionais avisos que são impressos nos maços. O governo canadense quer convencer as fábricas de cigarro a substituir os alertas pouco convincentes do tipo "Fumar faz mal à saúde" por fotografias horríveis com dizeres ainda mais horríveis. Dois modelos dos novos avisos podem ser vistos nesta página. Infelizmente o Brasil integra outro grupo de países: aqueles que não dão a devida atenção ao assunto. "Se aos 13 anos os brasileiros já fumam regularmente, é claro que não adianta somente escrever aquele alertazinho no maço de cigarros", afirma Analice Gigliotti, da Santa Casa. "É preciso fazer pesquisas mais aprofundadas sobre o tabagismo entre os jovens." O Ministério da Saúde informa que vai encomendar uma pesquisa ampla sobre cigarro para então decidir o que fazer. A pesquisa ainda está sem data.
O número de jovens que experimentam o cigarro vem crescendo a olhos vistos. De acordo com um trabalho realizado de 1993 a 1997 pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas, da Universidade Federal de São Paulo, o porcentual de adolescentes de 13 a 15 anos que já havia fumado algum cigarro na vida subiu de 24% para 32%. Um toxicologista da Universidade Estadual Paulista, Igor Vassilieff, distribuiu um questionário entre adolescentes para listar as razões que levam o jovem ao vício de fumar. As respostas encontradas nos questionários mostram que o cigarro está associado ao processo de formação da identidade desses jovens. "Alguns fumam por curiosidade, outros por acreditar que o tabaco não pode fazer tanto mal assim", diz Vassilieff. "Em qualquer um dos casos é um ritual de entrada na adolescência." Adolescentes fumantes dão as primeiras tragadas com amigos, passam a fumar à noite, durante festas, e em poucos meses estão comprando um maço na padaria ou no bar. No Brasil, uma em cada três pessoas com mais de 16 anos fuma mais de um cigarro por dia.
As conseqüências são dramáticas para o jovem em particular e para a saúde pública em geral.


Estudo do Instituto Nacional do Câncer afirma que eram fumantes:
25% das vítimas fatais de doença coronariana e cerebrovascular;
85% dos mortos por doenças pulmonares, como a bronquite e o enfisema;
90% das pessoas que morreram por câncer no pulmão.


Em números, isso significa que o cigarro tem relação com cerca de 100.000 mortes por ano no Brasil. São onze mortes por hora, três vezes mais que os óbitos registrados no trânsito e mais que o dobro do número de assassinatos num ano. VEJA enviou dados da pesquisa da Santa Casa para que fossem comentados pelas companhias Souza Cruz e Philip Morris. As empresas não os desmentiram, mas as assessorias de imprensa informaram por fax que optariam pelo silêncio.


A fase da campanha agressiva
O governo do Canadá propôs uma mudança nos dizeres escritos nas embalagens dos cigarros. Em vez do tradicional "Fumar faz mal à saúde", a nova instrução é orientar as empresas a colocar nos maços fotos coloridas de corações enfermos e de pulmões e lábios afetados pelo câncer. São imagens chocantes, com o objetivo de reduzir a taxa de 29% de fumantes entre adolescentes. A indústria informa não estar disposta a aceitar a determinação, e o caso deve parar na Justiça. O quadro mostra dois exemplos da nova campanha.